Marketing, Comunicação e Design são áreas com relações estreitas mas que, ainda assim, nem
sempre entram em diálogo. O Breaking Marketing and Design vai procurar, ao longo dos próximos meses, publicar as entrevistas realizadas a diversos profissionais destas três áreas, numa tentativa de esclarecer e divulgar as dinâmicas entre elas. A base de questionário será semelhante para a generalidade dos entrevistados, com o objectivo de entender de que forma os mesmos conceitos são percepcionados por diferentes profissionais.
A inaugurar o espaço de entrevistas temos Rui Ventura, Presidente da Associação
Portuguesa dos Profissionais de Marketing. Na liderança da APPM desde 2012, a
carreira de Rui Ventura já passou pela MTV, Ogilvy, Grupo Sheraton, GCI,
Sunlover e, mais recentemente, assumiu o cargo de Director Sénior de Marketing
e Vendas na Fuel TV. Marketing, Comunicação e Design têm feito parte da vida
deste profissional multifacetado e, por isso, o Breaking Marketing and Design
quis chegar à conversa com Rui Ventura.
De
acordo com a sua perspectiva e experiência profissional, como definiria
“design”?
A palavra Design é uma
palavra complexa. Pode referir-se apenas à componente gráfica, estética e
visual de um produto, marca, serviço ou ideia. Ou pode assumir uma componente
mais holística e representar a forma como vemos o meio envolvente, a arquitectura,
a sociedade. É, na minha perspectiva, uma das componentes mais relevantes a ter
em conta quando gerimos uma marca.
Design e Comunicação (no sentido lato): qual
é a sua opinião sobre a relação entre as duas áreas?
São duas áreas extremamente comunicantes, ou deveriam ser. Cada uma destas
áreas necessita do apoio da outra para ter um melhor desempenho. Sobretudo para
que exista consistência entre aquilo que uma marca "diz" e aquilo que
"mostra".
E que relação deve existir entre Design e
Marketing?
Deve existir uma relação umbilical. Não é por acaso que as marcas com melhores
desempenhos no Mundo são pensadas de forma holística, onde o design de
equipamento, da tecnologia, do packaging,
da comunicação e de sistemas é pensado passo-a-passo com o Marketing. O caso da
Apple é o mais paradigmático nesta perspectiva.
Acha que em Portugal essa relação existe de
forma assídua?
Claro que existe mas, infelizmente, não é tão assídua quanto deveria. Muitas
vezes o Design só surge no final da linha. E isso torna marcas, produtos e
serviços mais fracos e sobretudo inconsistentes.
E no estrangeiro? Essa relação é diferente?
Penso que é semelhante. No entanto existem alguns mercados com níveis de
maturação maiores, onde o Design é já um aliado estratégico das marcas desde a
sua criação.
Como caracteriza a importância do design na
construção da imagem e identidade das organizações ou marcas?
É Fundamental. Uma boa identidade é "metade" da marca.
E de que formas pensa que o design pode ser
aplicado eficazmente para transmitir essa identidade?
Se for aplicado de uma forma pensada, estruturada e alinhada com os valores, a
missão e a Visão da organização. Mas todos sabemos que muitas das vezes não é
assim e o Design é puramente "acessório".
Que marcas ou organizações destacaria como
bons exemplos do uso de design aplicado ao Marketing e Comunicação, nacional e
internacionalmente?
Nacional: Continente, EDP, BES. Internacional: Coca-cola, Apple, Amazon,
Starbucks, Pantone.
Como marketer, qual é a importância do
design no seu trabalho?
É essencial. Quando penso um serviço, um produto ou uma marca, tenho sempre a
tendência de querer visualizar, e o Design, e sobretudo o Design Thinking, ajuda-me exactamente nesse processo, a colocar uma
imagem: no packaging, no produto, nos processos, no equipamento, na
comunicação, nas pessoas, etc..
Mais
uma vez de acordo com a sua perspectiva e experiência profissional, como
definiria “tendência”?
Tendência é algo que implica
uma manifestação (cultural, musical, padrões, vestuário, linguagem, cores, alimentação) por parte de
um conjunto de consumidores que, ao longo dos tempos, se vai mostrando
relevante para o resto dos consumidores. Associado à palavra
"tendência" estão sempre as marcas e os grupos de consumidores:
"Trend-Setters / Early Adopters" e os "Trend-Followers” ou “Late-Movers".
Para finalizar, que
tendências de design tem vindo a identificar no âmbito da sua actividade
profissional?
Minimalismo - less is more. Imagens mais clean,
com menos cor e menos elementos.
Esoterismo - imagens místicas, céus estrelados, gradações de cores, imagens do zodíaco,
símbolos maçónicos, etc..
Hipsterismo - triangulos invertidos, símbolos geométricos, fonts retro, fonts
manuscritas, back-to-the-roots.
Entrevista: Luís Lima
Fotografia: Direitos Reservados
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